Uma coisa é consenso entre os médicos — a jornada acadêmica e profissional na área…
A sensação de esgotamento pode parecer comum para alguns médicos, como se fizesse parte de sua rotina. Porém, não é bem assim que funciona. Por mais cansativo que seja o dia a dia, a fadiga constante não é um bom sinal para os profissionais e pode ser sinal do surgimento de um problema bem mais sério: a síndrome de burnout.
Mais do que um estresse constante, a síndrome pode trazer uma série de consequências severas para a vida da pessoa. E, infelizmente, é um problema bem recorrente no ambiente de tratamentos de saúde.
Continue lendo nosso artigo, saiba mais sobre a síndrome de burnout em médicos e tire suas dúvidas sobre esse problema.
A síndrome de burnout é um problema de saúde derivado do excesso de estresse gerado por rotinas de trabalho extremamente desgastantes, causando efeitos severos tanto no corpo quanto na mente da pessoa a longo prazo.
O seu nome é bem sugestivo: burnout significa “algo que queima até não sobrar nada” e representa o nível de exaustão ao qual a pessoa está se submetendo em sua rotina profissional.
O grande problema da síndrome de burnout é que os sintomas começam a se manifestar quando já se está ultrapassando o limite da situação. Até então, a pessoa acredita que está sabendo lidar com as rotinas estressantes e o excesso de trabalho.
Normalmente, ela começa com um aumento de demanda de trabalho — em casos de pessoas com um perfil workaholic, elas mesmas tendem a acumular um número maior de tarefas em suas funções de trabalho ou no dia a dia.
Complicações como problemas de relacionamento com outros colaboradores, falta de cooperação nesse ambiente, um desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional, falta de tempo para lazer e atividades físicas e dificuldades para ter autonomia em sua vida podem potencializar o surgimento da síndrome.
Normalmente, as pessoas que estão chegando ao ponto de desenvolver esse problema entram em um círculo vicioso bastante danoso:
a pessoa está com uma rotina desgastante de trabalho;
o cansaço e a sensação de esgotamento batem;
a pessoa se sente frustrada e, consequentemente, pega mais trabalho, piorando sua rotina;
o esgotamento aumenta e os sintomas começam a atrapalhar sua rotina;
a frustração e decepção crescem ainda mais.
Como falamos, a síndrome de burnout tende a aparecer quando a situação já está ultrapassando o limite saudável para a pessoa. Os sintomas são complicados e tendem a causar problemas para rotina e qualidade de vida do médico.
Estão entre os principais sintomas e sinais:
fadiga e cansaço constantes;
distúrbios do sono;
irritabilidade excessiva;
alterações súbitas de humor;
problemas de memória;
dificuldade de concentração;
falta de apetite;
crises depressivas e/ou de ansiedade;
perda de iniciativa;
sentimento de frustração constante;
diminuição da libido;
queda de produtividade acentuada;
sensação de esgotamento físico e mental;
despersonalização ou cinismo;
desânimo constante.
Essas características podem desenvolver, a longo prazo, hábitos destrutivos e que potencializam as consequências da síndrome de burnout, tais como:
isolacionismo;
absenteísmo;
vontade de deixar o trabalho;
alcoolismo;
uso de drogas ilícitas;
dependência de substâncias químicas;
ideação suicida.
Por isso, o ideal é ter atenção logo nos primeiros sintomas, já que as consequências podem ser extremamente danosas e custar a vida do profissional.
Além disso, o cansaço leva a uma imunossupressão temporária, fazendo com que a pessoa tenda a adoecer mais facilmente ao longo dos dias.
Os médicos estão extremamente expostos à síndrome de burnout, principalmente pelas características intrínsecas à profissão, tais como:
jornada de trabalho exaustiva, principalmente para os médicos plantonistas;
responsabilidades consideráveis, principalmente para os que trabalham com áreas delicadas, com grande risco a vida (cardiologia, neurocirurgia, oncologia, obstetrícia, médicos plantonistas intensivistas, entre outros);
cobranças fora do horário de trabalho, principalmente sobre os pacientes mais delicados;
cobranças pessoais internas, principalmente quando ocorre algum tipo de falha ou problema no dia a dia;
atrasos de pagamentos e baixos salários para os profissionais da rede pública;
agendas lotadas para bater metas de rendimento e conseguir o orçamento desejado para aquele mês;
prestação de contas para operadoras de plano de saúde.
E há um agravante: há uma tendência a acreditar que esse tipo de rotina é natural da profissão, de forma que o cansaço e o estresse rotineiros são normalizados, ignorando os sinais que corpo e mente estão fornecendo para a pessoa.
Muitos médicos acreditam, tal como profissionais de outra área, que simplesmente tirar férias é o suficiente para resolver os sintomas da síndrome de burnout. Porém, se a rotina não passar por alterações, provavelmente a situação voltará a se repetir e a pessoa pode se ver presa em um estado para o qual acredite não haver saída.
Em primeiro lugar, o profissional tem que ter consciência de que, apesar de nossas profissões definirem consideravelmente quem somos, a saúde mental deve estar acima de tudo. Por isso, é essencial se colocar como mais importante do que essas questões. Apenas assim o profissional poderá criar coragem para fazer as mudanças necessárias em sua vida para eliminar ou atenuar o problema.
É preciso, também, identificar se as questões são acerca do ambiente de trabalho ou da profissão em si.
Normalmente, quem faz o diagnóstico da síndrome de burnout são os profissionais responsáveis pela saúde mental (psicólogo e psiquiatra) após diálogos acerca das condições de trabalho e sintomas apresentados.
Deve-se, nesse processo, identificar se é o contexto de trabalho que causa o estresse excessivo ou se são as atitudes do profissional que levam a isso.
Assim, a terapia e o tratamento psiquiátrico auxiliarão em três frentes: sobre as questões pertinentes à profissão, sobre o ambiente de trabalho e a atividade laboral em si, com foco nos sintomas. A ideia é quebrar o círculo vicioso da sobrecarga, frustração, aumento de trabalho e aumento de decepção.
Outra forma de tratar a síndrome de burnout é realizando mudanças significativas em sua rotina, incluindo práticas de atividades que sejam prazerosas e relaxantes, como exercícios físicos, hobbies, dormir bem, alimentar-se saudavelmente, entre outros.
Também deve-se incluir um tempo maior de descanso e administrar sua rotina para ter um maior equilíbrio entre vida profissional, pessoal, realização de práticas de lazer e atividades físicas.
A síndrome de burnout em médicos é algo preocupante, principalmente pelo seu índice de recorrência. Por isso, os profissionais devem ficar atentos aos sintomas e mudar suas rotinas antes que o problema se instale e prejudique sua carreira.
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