Entender o papel da enfermagem em exames laboratoriais e como esse processo influencia no cuidado…
O uso de drogas é um fenômeno crescente no mundo inteiro, podendo levar a pessoa a se tornar dependente dessas substâncias. A dependência química é caracterizada pela: perda do controle do uso da droga; substituição progressiva de atividades importantes (como lazer e trabalho); persistência do uso, apesar dos efeitos nocivos; presença de uma vontade incontrolável (fissura) de usá-la em algum momento do dia.
A dependência traz diversos prejuízos, tanto de ordem física quanto social. Por isso, o quadro requer cuidados especiais, conduzidos por uma equipe multidisciplinar em saúde, isto é, um grupo de diferentes profissionais que unem seus conhecimentos para oferecer uma assistência integral.
Neste artigo, falaremos sobre o papel da enfermagem no tratamento da dependência química. Acompanhe!
O dependente químico pode chegar a um estabelecimento de saúde de diferentes maneiras, como:
– internação em uma instituição psiquiátrica;
-procura por assistência em uma unidade básica de saúde;
-procura por assistência em uma instituição destinada ao cuidado de dependentes químicos.
A queixa da pessoa pode ser especificamente relacionada ao consumo de drogas ou psíquica. Alguns indivíduos também chegam ao hospital com problemas físicos provocados pelo uso excessivo da substância, seja momentâneo ou crônico. O tratamento da dependência varia de acordo com:
-as características da pessoa;
-o tipo de substância usada;
-a quantidade e o padrão de uso;
-o apoio social que a pessoa recebe;
-a presença de problemas emocionais e/ou físicos.
Após o diagnóstico de dependência química, o ideal é que haja um acompanhamento por uma equipe a médio ou longo prazo, para assegurar o sucesso do tratamento. Não são incomuns recaídas ou falhas ao longo desse processo.
A equipe de enfermagem é a que mais mantém contato próximo com o paciente em diferentes áreas da saúde — e não é diferente no cuidado com pacientes dependentes químicos. Esses profissionais têm grande potencial de reconhecerem os problemas relacionados ao uso de drogas e apresentam uma atuação muito relevante nessa área.
Por isso, contar com a equipe de enfermagem é essencial em qualquer clínica, comunidade terapêutica ou centro que lide com dependentes químicos. Para atuar na área, o profissional de enfermagem precisa ter conhecimento relativo a alguns temas, como:
-tipos de drogas e suas atuações no organismo;
-sintomas relacionados ao uso de drogas e emergências;
-fundamentos de saúde mental e psiquiatria;
-aspectos psicossociais relacionados ao uso de drogas;
-transtornos mentais.
A melhor forma de se tornar capacitado é buscando cursos e especializações de saúde mental, como uma pós-graduação em saúde mental com ênfase em dependência química.
A seguir, trazemos algumas características e curiosidades sobre o papel da enfermagem no tratamento desse problema.
Qualquer cuidado relacionado à saúde mental pede atenção a questões que nem sempre têm muita importância nas outras áreas de saúde. Atuar com a dependência química requer do enfermeiro alguns pontos importantes, que vão além dos conhecimentos teóricos adquiridos durante os estudos.
A primeira questão diz respeito ao preconceito relacionado ao uso de drogas e a seus usuários. A população em geral vê essas pessoas como “culpadas”, que escolheram seguir aquele caminho, e muitos chegam a dizer que elas merecem ser maltratadas. O enfermeiro que lida com dependentes precisa deixar esse preconceito de lado, tratando o paciente com respeito e dignidade.
Outro ponto diz respeito à relação da equipe de enfermagem com o paciente durante o cuidado. O sucesso do tratamento depende desse relacionamento e, por isso, os profissionais devem mostrar atitudes de:
-empatia;
-sensibilidade;
-aceitação;
-preocupação com a integridade da pessoa.
Quando o paciente chega a algum centro de tratamento de dependência química, um dos primeiros passos inclui a investigação do seu problema. Só assim é possível entender com clareza quais são as necessidades da pessoa e como ajudá-la.
As perguntas da investigação incluem:
-Qual substância é usada?
-Há quanto tempo? Com que frequência e em qual quantidade?
-Em quais ambientes ocorre o uso?
-Quais são as formas de uso da droga?
-Qual suporte social (família, amigos, comunidade) a pessoa tem?
-A pessoa desenvolveu problemas emocionais e físicos relacionados ao uso?
-Existem outros problemas de saúde?
A investigação também inclui identificar sinais comportamentais e físicos relacionados ao uso da droga, como: depressão; prejuízo social e econômico; higiene precária; intoxicação; emagrecimento.
Como citamos, a conduta e os tratamentos específicos vão depender da situação particular de cada pessoa. Nesse processo, é muito importante que o enfermeiro escute o paciente, suas necessidades, seus medos e as motivações para o tratamento.
Alguns pontos importantes da conduta são:
-aconselhamento para a pessoa: a equipe ajuda o paciente a refletir sobre o tratamento, lidar com a abstinência, tomar responsabilidades, encontrar soluções;
-motivações: é papel da equipe também achar uma maneira de motivar a pessoa no seu autocuidado, minimizando barreiras e facilitando o acesso ao tratamento;
-integração do cuidado com outros profissionais de saúde (psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais).
O cuidado da dependência química pode, em muitos casos, ser um processo longo e difícil, principalmente porque envolve um problema social que inclui o próprio paciente, sua família e a comunidade na qual ele está inserido. O enfermeiro precisa ter conhecimento sobre os agravantes sociais capazes de dificultar o tratamento, como:
-perdas econômicas que a pessoa causou para a família, que prejudicam o pagamento pelo tratamento e afasta os familiares;
-manifestações de comportamento antissociais para obter a droga ou como consequência do seu uso, que afastam a família e a comunidade da pessoa;
-aliciamentos de novos dependentes, que fazem com que a comunidade queira afastar o usuário de todo o convívio social;
-outros problemas sociais mais graves que podem estar relacionados com o uso da droga, como prostituição, roubo e violência contra si ou as demais pessoas.
Por fim, listamos alguns cuidados importantes para a equipe de enfermagem durante o cuidado de pessoas com dependência química, principalmente no início do tratamento:
-esclarecer para o paciente o motivo de sua internação, as regras da instituição e o que se espera dele;
-estar preparado para momentos de irritabilidade e agressividade por parte da pessoa em abstinência;
-fazer controle dos visitantes, a fim de evitar que tragam drogas ou outras substâncias;
-impedir que os pacientes tenham acesso à sala de medicação;
-sempre ter atenção a aspectos de higiene e alimentação.
O sucesso do tratamento da dependência química depende da atuação de uma equipe de enfermagem dedicada e qualificada, que entenda as necessidades especiais dos pacientes que se encontram nessa situação.
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