Compreender a história da enfermagem é um processo fundamental para garantir uma formação de qualidade, afinal, foram os aspectos mais marcantes da sua constituição profissional que possibilitaram o seu exercício técnico atualmente.
Todo o estabelecimento do tratamento e cuidado intensivo surgiu no mundo pós-guerra, em que o cenário de caos político e social demonstrou a necessidade do cuidado terapêutico, sobretudo com os soldados gravemente feridos.
Neste post, separamos todas as informações que você precisa saber sobre o processo histórico da enfermagem mundial e nacional. Confira!
Os primeiros registros encontrados e documentados cientificamente relatam uma enfermagem básica, desenvolvida por meio de conhecimentos empíricos das práticas de saúde. Nesse sentido, as doenças e transtornos eram tratados de diferentes formas dependendo da cultura, religião e civilização.
Um dos grandes exemplos é o período pré-cristão, em que as doenças representavam uma punição divina ou uma manifestação diabólica, estimulando a atuação dos sacerdotes e feiticeiros para exorcizar as energias negativas e aprimorar a saúde.
É importante ressaltar que, tanto na cultura ocidental quanto na oriental, esse processo ocorreu de maneira simultânea, mas com características religiosas diferentes. Isso fez com que, no cenário atual, o conhecimento científico e a compreensão da relação entre doença e saúde se estabelecessem de forma diferenciada nas duas culturas.
Foi com o conhecimento da civilização hindu — que estimulou a produção de bases teóricas sobre o funcionamento muscular, nervoso, linfático e de ligamentos — que a enfermagem começou a se estabelecer como uma profissão mais valorizada, embora não reconhecida cientificamente.
Com o rompimento entre as práticas religiosas e o conhecimento científico, houve um marco revolucionário na consolidação da saúde enquanto campo de estudo e de conhecimento, favorecendo o surgimento de novas técnicas que aprimoraram o trabalho na esfera da saúde.
Acontece que, o mesmo rompimento que favoreceu a consolidação dos conhecimentos da saúde, também ocasionou uma desmoralização da enfermagem e uma supervalorização da medicina, dificultando o estabelecimento da enfermagem enquanto ciência e profissão.
Porém com o início da revolução industrial, das práticas capitalistas e das grandes guerras mundiais que aconteceram ao longo da história, a enfermagem foi ganhando espaço e se tornando relevante aos olhos da sociedade e da academia, transformando-se em uma ciência imprescindível e em uma profissão renomada.
Voltando a análise para o cenário nacional, as mudanças no contexto da saúde ao longo dos anos também acompanharam as práticas culturais e empíricas. Nesse sentido, durante o descobrimento do Brasil, os pajés eram os donos do conhecimento sobre saúde e doença, assumindo a posição de cuidadores.
Com a evolução da colonização, outros personagens assumiram esse papel, como os jesuítas e voluntariados em suas missões; religiosos e alguns escravos que apresentavam um conhecimento um pouco mais aprimorado sobre cuidados com a saúde.
No campo da saúde mental, foi somente na constituição do Brasil como república que se iniciou o discurso da necessidade de uma assistência psiquiátrica para lidar com os transtornos mentais a fim de incrementar a mão de obra e manter as produções teóricas a todo vapor.
Somando-se a isso a dificuldade de encontrar profissionais qualificados que trabalhassem com a loucura, o governo brasileiro optou por desenvolver medidas que reconhecessem as práticas da enfermagem, trazendo também profissionais francesas para aprimorar os estudos e suprir a falta de enfermeiras nos hospitais psiquiátricos.
A partir disso, o Brasil decretou a criação da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, em 1890, a fim de auxiliar na formação de profissionais de referência para atuar no âmbito psiquiátrico e de saúde mental em um sentido mais amplo.
Entretanto foi somente a partir da década de 1920 que o Brasil iniciou o reconhecimento da enfermagem enquanto ciência e profissão, dando início à Enfermagem Moderna e à consolidação do ensino qualificado e profissionalizante.
Com o advento das grandes guerras mundiais, os conhecimentos sobre a saúde e a doença foram remodelados, tendo em vista a grande variedade de doenças que surgiram e a necessidade de lidar com feridas graves e tratamentos intensificados.
Dessa maneira, a medicina entrou em diversas crises para encontrar soluções para os diferentes desafios que surgiram com as guerras. Isso ocasionou uma série de reorganizações hospitalares, tornando o médico uma autoridade máxima do conhecimento sobre a saúde humana.
Esse processo histórico gerou também uma falta de mão de obra que cuidasse dos pacientes, por causa da dificuldade de encontrar médicos qualificados que trabalhassem em ambientes menos acessíveis, dificultando mais ainda a atuação na área da saúde.
No entanto, esse cenário tomou outras proporções com Florence Nightingale, uma mulher convidada pelo ministro da Guerra da Inglaterra para trabalhar como enfermeira dos soldados feridos durante a Guerra da Crimeia.
Ela, então, assumiu um papel fundamental na consolidação da enfermagem como profissão no âmbito mundial, influenciando grandes decisões militares e legislativas que garantiram os direitos dos futuros trabalhadores na área da prevenção e promoção de saúde, cristalizando a era moderna da enfermagem.
Foi por meio do trabalho de Florence que se desenvolveram os fundamentos básicos da enfermagem que constituem as práticas atuais. Um dos conceitos centrais da sua epistemologia é considerar o paciente na sua interação com o ambiente, mantendo relações abertas com os enfermos para aprimorar os tratamentos.
Isso sustentou a necessidade de desenvolver uma preparação formal e sistemática que fornecesse conceitos teóricos diferentes da medicina, trazendo um olhar integrativo entre o paciente, o contexto em que ele está inserido e suas redes de apoio atuais.
No cenário nacional, a figura que mais se destaca é Anna Nery, pioneira da enfermagem no Brasil em função da sua participação ativa nos cuidados com os soldados feridos durante a Guerra do Paraguai.
Ao dedicar a sua vida aos cuidados para com os outros, Anna Nery fortaleceu a necessidade de estabelecer a enfermagem enquanto ciência e profissão, favorecendo o surgimento da primeira escola de enfermagem brasileira.
Conhecer a história da enfermagem é indispensável para estabelecermos bases sólidas para nosso trabalho, além de estimular em nós um aprendizado de qualidade, reconhecendo e valorizando as lutas e as dificuldades vividas por muitos para promover o cuidado e a proteção com mais facilidade.
E então, gostou do nosso artigo? O que acha de encontrar conteúdos como este nas suas redes sociais? Então curta a nossa página do Facebook e não perca nenhuma atualização!