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O papel do enfermeiro no cuidado de saúde é conhecido, principalmente, pela sua atuação nos hospitais como parte da equipe de saúde. Nessa situação, o enfermeiro trabalha junto a outros profissionais em uma time, isto é, o que ele faz depende dos outros profissionais e o que os outros fazem depende dele.
O que muita gente não sabe (até mesmo os próprios atuantes da área) é que existem áreas de trabalho dentro do mundo da saúde que permitem que a autonomia do enfermeiro seja exercida mais livremente.
O tratamento de feridas é um exemplo dessas áreas de atuação. O profissional de enfermagem é o principal responsável pela avaliação e o cuidado de feridas, dentro do hospital, em uma clínica especializada ou realizando homecare. Acompanhe o texto para entender mais sobre o assunto.
Antes de entender como o enfermeiro é importante no cuidado de feridas, vale a pena explicar com mais detalhes o que é uma ferida.
No âmbito da saúde, ferida é qualquer lesão na pele, mucosa, córnea, músculos, tendões ou ossos com destruição de alguma dessas camadas e invasão das estruturas do corpo. Além disso, há prejuízo das funções básicas da estrutura lesionada. Por exemplo, se a ferida é na pele, ela deixa de exercer a função de barreira contra micro-organismos.
As feridas podem ser classificadas de acordo com a sua causa, tempo de cicatrização e conteúdo bacteriano:
-causa: as feridas podem ser de causa cirúrgica (finalidade terapêutica), traumáticas (acidentes) ou ulcerativas;
-tempo de cicatrização: agudas ou crônicas;
-conteúdo bacteriano: limpa, contaminada, infectada.
Não há fatores de risco específicos para as feridas cirúrgicas e traumáticas.
As feridas ulcerativas, normalmente, aparecem devido a problemas na circulação associados a doenças de base, como diabetes, hipertensão e hanseníase. Os outros fatores de risco para esse tipo de ferida são nutrição ruim, extremos de idade, dificuldade de mobilidade, estar acamado.
A cicatrização é um processo natural do corpo que tem o objetivo de restaurar os tecidos lesionados. O que acontece é que, em algumas situações, o corpo sozinho não é capaz de reparar a lesão, seja por questões do próprio paciente, seja por outras complicações. Por isso, pode ser necessário um tratamento especializado para ajudar nessa cicatrização.
Para entender como funciona o tratamento, primeiro explicamos as fases da cicatrização e quais os tipos de tecido que podem estar presentes na lesão. As fases são:
-de inflamação: é a primeira fase e acontece logo após o rompimento de vasos sanguíneos. Inicia-se a agregação plaquetária para parar o sangramento e há recrutamento de células de defesa para o local, em resposta à agressão ao tecido. O local fica inchado, vermelho, dolorido;
-proliferativa: há formação de novos vasos sanguíneos e proliferação dos fibroblastos, com formação de um tecido rosa e macio (tecido de granulação);
-de maturação: é a fase final de cicatrização, com fortalecimento da cicatriz e contração das bordas da ferida.
Além do tecido de granulação, a ferida pode apresentar também tecido de epitelização (novo revestimento) e tecidos inviáveis, isto é, que impedem a cicatrização saudável (necrose).
Normalmente, uma ferida requer tratamento especial quando sua cicatrização ocorre por segunda intenção. Nesse caso, a ferida tem algum grau de perda do tecido, e suas bordas não podem ser aproximadas. Há, também, maior risco de contaminação e infecção, o que dificulta ainda mais a cicatrização.
O tratamento dessas feridas tem o objetivo de proporcionar as condições ideais para que o processo de cicatrização possa ser realizado pelo corpo. Elas são:
-temperatura próxima à temperatura do corpo (36,5ºC);
-pH mais ácido (5 a 6);
-baixos níveis bacterianos;
-presença de umidade no leito da lesão.
Na prática, o tratamento consiste na limpeza da ferida, avaliação por um profissional capacitado e utilização de materiais específicos sobre o leito da ferida. Esses materiais são como medicamentos locais, que auxiliam no alcance das condições ideais.
O cuidado a pacientes portadores de feridas é uma especialidade dentro da enfermagem. O enfermeiro é o profissional responsável por realizar todas as etapas desse cuidado, desde o acolhimento do paciente, a avaliação da ferida, a escolha do tratamento a ser utilizado e o acompanhamento até a resolução do problema. Todas essas etapas podem ser feitas de forma autônoma, isto é, sem necessidade de outro profissional de saúde para a tomada de decisão.
O acolhimento do paciente envolve a consulta de enfermagem. Nessa consulta, o enfermeiro coleta a história de saúde do paciente e do surgimento da ferida. O objetivo é compreender as causas da lesão e quais fatores de risco o paciente tem. Muitas vezes, o paciente chega ao enfermeiro já com essas informações e um diagnóstico.
O próximo passo é a avaliação da ferida para a escolha do tipo de material que será usado. Essa avaliação envolve a observação de fatores como:
-localização;
-tamanho e profundidade;
-tipo de tecido presente no leito da lesão;
-sinais que indicam presença de infecção.
Hoje em dia, existem materiais específicos para cada tipo de lesão. Depois de definir o tipo de material que vai ser usado, o enfermeiro realiza a limpeza da ferida e faz o curativo com a cobertura escolhida. A ideia é que o paciente realize os curativos subsequentes com o mesmo profissional ou no mesmo estabelecimento de saúde, para que exista uma continuidade do cuidado e as mudanças na ferida possam ser observadas.
É fácil ver como a autonomia do enfermeiro pode ser exercida dentro do tratamento de feridas, algo de que muitos enfermeiros sentem falta quando atuam em outras áreas.
Porém, para realizar um trabalho com qualidade, é preciso que o profissional tenha bastante conhecimento do tema. Afinal, um tratamento de feridas, quando não é feito da maneira correta, traz diversas consequências negativas para o paciente, além de significar mais custos de saúde.
O enfermeiro que deseja atuar na área deve buscar uma pós-graduação completa, como a que é oferecida pelo CEEN (Centro de Estudos).
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