Compreender a história da enfermagem é um processo fundamental para garantir uma formação de qualidade,…
A história da medicina teve início há milhares de anos, com origem em rituais e magias que tinham como objetivo afastar as doenças. A arte de curar (significado por trás da palavra medicina) é, portanto, uma prática antiga, mas que está em constante evolução.
O misticismo perdeu espaço para o olhar científico, mas as influências do passado estão presentes até hoje. Um exemplo é o símbolo da medicina, o bastão de Esculápio, que é representado por uma serpente enrolada em um cajado.
Siga conosco para conhecer a história da medicina e percorrer os caminhos que foram trilhados até chegarmos à era moderna. Vamos juntos?
Essa representação remete a Asclépio, o deus grego da medicina, cujo nome em latim é Esculápio. O símbolo representa a árvore da vida (cajado) e o elo entre o conhecido e o desconhecido (serpente). Sua semelhança com o caduceu de Hermes, símbolo comercial em que duas serpentes se enrolam em torno de um bastão com asas, é até hoje motivo de confusão.
No Brasil, o bastão de Esculápio prevalece, mas o caduceu de Hermes ou sua versão estilizada sem as asas podem ser vistos em algumas instituições e softwares médicos. Se a simbologia é alvo de debates e mudanças, imagine como a prática médica é influenciada por novas descobertas!
A medicina tem suas raízes nas culturas da antiguidade, em sistemas que se baseavam na magia e na religião. Quando o assunto é evolução da ciência médica, alguns povos antigos merecem destaque. Acompanhe!
Na Babilônia, os primeiros médicos eram sacerdotes. Eles tratavam principalmente transtornos mentais, que eram atribuídos à possessão por demônios e curados com rituais religiosos. A contribuição desses curadores para a medicina foi enorme, uma vez que eles descreveram em detalhes diversas doenças e descobriram muitos princípios médicos.
A medicina egípcia foi influenciada pelo misticismo do Oriente e pelo contato com a natureza trazido da África. O destaque da época (cerca de 2.850 anos a.C.) foi Imhotep, o primeiro médico conhecido pelo nome. Em um dos papiros médicos mais importantes, são descritos ferimentos e tratamentos cirúrgicos, abandonando um pouco a veia religiosa.
O povo de Israel acreditava que um único Deus era responsável pela saúde e pela doença. Assim, os médicos hebreus tinham como função principal supervisionar as regras de higiene social. O vasto conhecimento anatômico desse povo veio da dissecação de animais sacrificados.
A medicina do extremo oriente era baseada na luta entre as forças de destruição (Shiva) e restauração (Vishnu). As práticas médicas não eram dissociadas dos rituais de encantamento, uma vez que os hindus também acreditavam na possessão demoníaca. Muitos efeitos da idade, doença e morte foram descobertos por esse povo.
Já falamos em Esculápio, mas não mencionamos sua crença em cultos mágicos, como usar uma serpente, o símbolo de poder no mundo dos mortos, para lamber ferimentos. Apesar de contar com alguns seguidores, seus adeptos não eram tão coesos.
Como a religião e os sacerdotes não dominavam o cotidiano dos gregos, os rituais mágicos foram rapidamente abandonados na Grécia. Graças às navegações, o contato com nações vizinhas motivou estudos filosóficos na busca por explicações racionais para tudo, inclusive para as doenças.
Foi nesse contexto que surgiu a medicina clássica. O primeiro nome que devemos citar aqui é Pitágoras, o maior responsável pelo desenvolvimento do sistema de medicina humoral. De acordo com ele, o desequilíbrio entre os 4 humores do corpo — sangue (coração), fleuma (cérebro), bílis amarela (fígado) e bílis preta (baço) — era a causa de diversas enfermidades.
A teoria do equilíbrio do corpo por meio dos humores ganhou força com o pai da medicina, Hipócrates. Foi ele quem lançou as bases para uma abordagem racional da medicina. Os escritos hipocráticos reúnem mais de setenta tratados que abrangem diversos assuntos, enfatizando a importância do tratamento e do prognóstico.
Hipócrates pregou também a separação da medicina e da filosofia, sugerindo que os médicos abandonassem as análises subjetivas e observassem o paciente. A objetividade é a base da medicina hipocrática e observada nas práticas médicas de hoje em dia.
Os romanos também tiveram um papel importante durante a era clássica da medicina. Foram eles os inventores de diversos instrumentos cirúrgicos, incluindo pinças, bisturis, agulhas, cautérios e tesouras.
O racionalismo foi aplicado pela primeira vez à medicina com Hipócrates. Na Europa, no entanto, essa relação sofreu um apagão durante a Idade Média, quando as doenças voltaram a ser atribuídas a causas divinas, e os templos se tornaram os locais de curas milagrosas.
Durante esse período, os avanços da medicina se concentraram nos povos árabes, persas e judaicos. Foram eles que codificaram a medicina grega e incorporaram escritos egípcios e ideias indianas para gerar importantes conhecimentos, tais como:
-distinção entre a varíola e o sarampo;
-reconhecimento das reações alérgicas;
-percepção da febre como forma de o corpo combater doenças;
-descoberta da natureza contagiosa das doenças infecciosas;
-identificação da circulação do sangue pelos pulmões;
-ênfase da experiência sobre a doutrina.
Foi durante o Renascimento que a história da medicina moderna começou na Europa. Os cientistas e pesquisadores se desvencilharam da visão tradicional e baseada na ordem divina que justificava as doenças. Os tratamentos passaram a ser determinados por observações, experimentos e conclusões embasadas pela pesquisa científica.
Graças à liberdade intelectual, o século XVI foi um período de grandes avanços na anatomia e na cirurgia. As soluções para as amputações e os cuidados com as feridas de guerra se tornaram mais eficazes e humanos devido à realização de experiências controladas na ciência médica.
Os séculos XVII e XVIII foram marcados por grandes saltos nos métodos de diagnóstico. Nessa época, foi inventado o estetoscópio, e o desenvolvimento de um método de aferição da pressão sanguínea permitiu o estudo da dinâmica da circulação. A expansão do conhecimento fisiológico fez com que as doenças passassem a ser identificadas com mais precisão.
No século XIX, avanços em diversas áreas levaram inovação à medicina. Um exemplo foi a teoria dos germes desenvolvida por Louis Pasteur. Foi a partir dela que a prática da antissepsia foi introduzida, reduzindo a mortalidade por complicações infecciosas após cirurgias.
A medicina clínica tal qual conhecemos também teve início na era moderna da medicina. As doenças passaram a ser vistas como um problema político e econômico (saúde pública), e os médicos ganharam outro papel: ensinar à população regras básicas de higiene na alimentação, habitação e tratamento de doenças.
A história da medicina não tem um fim, pois nós vivenciamos a cada dia as inovações que impactam a área médica. Atualmente, enxergamos o crescimento na humanização dos atendimentos, com a oferta de serviços de atenção integral ao paciente.
O objetivo agora não é apenas curar as doenças, mas oferecer melhor qualidade de vida para promoção do bem-estar físico, mental e social. A tecnologia e os avanços da ciência se inserem nesse novo panorama de crescimento da medicina preventiva, com instrumentos voltados para que o cidadão se torne protagonista da sua saúde.
Os médicos devem estar atentos a essa nova realidade, que é influenciada por diversos fatores, incluindo:
-envelhecimento da população;
-maior preocupação dos pacientes com hábitos de vida saudáveis;
-flutuação nas taxas de mortalidade infantil;
-desenvolvimento de aplicativos para monitoramento da saúde (contadores de passos, calculadoras de calorias, calendários menstruais e tantos outros);
-aplicação de softwares para gestão de consultórios e clínicas;
-preocupação com o uso racional de recursos (economia de energia, papel e água);
-desenvolvimento de métodos diagnósticos e de tratamento mais ágeis e confiáveis.
Acompanhar essas transformações demanda atualização constante. As maneiras de ficar por dentro das novidades que despontam vão desde a participação em eventos de medicina até a realização de uma pós-graduação, passando, ainda, pelos cursos de curta duração.
Tenha sempre em mente que a história da medicina não acabou. Sabemos que muita coisa já foi conquistada, mas ainda há muito para aprender. Agora que você já conhece melhor o passado da arte de curar, deve planejar como acompanhará o futuro da sua área.
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